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jueves, 13 de noviembre de 2025

"sociedades de caixões" ou "caixas" - asociaciones para el enterramiento de personas con escasos recursos - (Portugal)

La publicación, el pasado 10 de noviembre, de una entrada en el blog dedicada a la casa mortuária de Barrancos (tanatorio de Barrancos) -ver aquí- me ha traído a la memoria una historia del Portugal profundo (y también de España) que descubrí en 2008 en el libro "Terra Vermelha" de Paulo Barriga. En el capítulo 10, titulado "Crónica de algumas mortes anunciadas", el autor resume un artículo del arqueólogo e historiador Miguel Rego acerca de las llamadas sociedades de caixões.



Recabando información sobre este asunto, el amigo Jacinto Saramago, desde Barrancos (Portugal), me comenta:

Em algumas localidades, antigamente, havia uma espécie de associação que fazia a gestão dos enterros funerais, que as pessoas iam pagando em vida (um quota).

Consta, também, que essa sociedade, alugava caixões. O morto ia no caixão até ao cemitério e depois seria envolto em lençol ou enterrado diretamente na terra, e o caixão seria usado por outro.

Traducción: En algunos lugares, antiguamente, existía una especie de asociación que gestionaba los entierros, por los que la gente pagaba en vida (una cuota).

También se dice que estas sociedades alquilaban ataúdes. El difunto era llevado en el ataúd al cementerio, donde lo envolvían en una sábana o lo enterraban directamente en la tierra, y el ataúd lo utilizaba otra persona.


Cementerio de Barrancos

Cementerio de Barrancos


Analicemos la trayectoria y el funcionamiento de una de estas asociaciones: la Sociedade Funerária de Corte Sines - Mértola (Portugal), que fue la última en desaparecer, concretamente en el año 2009. Es importante señalar que existieron varias decenas de entidades similares en todo el Baixo Alentejo, destacando su presencia especialmente en los municipios fronterizos, como Mértola, Serpa, Moura y Barrancos.


Mértola


Passados cerca de 10 anos após a sua extinção, Manuel da Luz Garcia guarda religiosamente, numa mala de madeira, os documentos de décadas e décadas de funcionamento de uma das inúmeras sociedades funerárias que existiram no concelho de Mértola nos últimos 100 anos.

Fundada no final dos anos 20 do século passado, em resposta aos impactos que a Guerra Civil de Espanha e a II Grande Guerra provocaram na sociedade portuguesa, a Sociedade Funerária de Corte Sines, mais conhecida pela “Sociedade de Caixões”, foi a última do género a fechar as suas portas, no ano de 2009. Outras como a de Corvos a de Alcaria Ruiva a da Corte da Velha, a dos Fernandes, da Corte Pinto, de Santana de Cambas, da Corte da Velha, dos Lombardos, dos Alves … foram suas contemporâneas tendo encerrado anos antes.

Numa época em que as necessidades básicas mal eram satisfeitas, onde a miséria e a pobreza prevaleciam num Alentejo caracterizado por uma enorme diferença de classes, alimentada pela desigual distribuição da posse da terra (grande latifúndio) e onde o trabalho agrícola era predominante e extremamente mal pago, a dignidade da morte era diariamente posta em causa dada a incapacidade das famílias fazerem face a uma cerimónia fúnebre condigna aos seus entes queridos. Os funerais das famílias mais pobres eram o resultado das parcas economias das famílias. O defunto era colocado num “esquife” (1) e posteriormente lançado à terra, apenas enrolado num lençol. Para resolver este problema, refere Manuel da Luz, “o povo reuniu-se com os carpinteiros da localidade (2) e avançaram com a criação de uma associação que passou a facultar os caixões aos associados aquando da sua morte” (3). Chegando a ter 175 associados, a “Sociedade de Caixões de Corte Sines” obtinha o seu financiamento através da quotização dos sócios e das multas aplicadas pelos atrasos no pagamento da mesma. Apesar da sua informalidade e de não existir um regulamento escrito, apenas verbal, as regras eram cumpridas e aplicadas de igual forma a todos os associados....... 

A proveniência dos caixões foi-se alterando ao longo dos tempos. Nos anos 80 os caixões eram adquiridos a uma carpintaria de Manuel Fatal Martins, sedeada em Vales Mortos. Em termos dos direitos dos associados eles foram-se diferenciando ao longo dos tempos, passando primeiramente pela doação do caixão aquando da morte do associado ou de alguém do agregado familiar, até à atribuição, já na fase final da associação, de um valor monetário, cerca de 50€, para o luto. O declínio desta sociedade ficou a dever-se sobretudo ao surgimento de alguns apoios estatais que foram sendo implementados para dar resposta às dificuldades das famílias e que ainda hoje se mantêm. Os últimos dirigentes da Sociedade de Caixões de Corte Sines foram Manuel da Luz Garcia e Jacinto Gonçalves Guerreiro. Este tipo de associativismo remete para uma solidariedade interpares no sentido
de resolver um problema que era de todos. Na morte o funeral e o luto, mais que rituais de despedida sempre foram um ato de afirmação da igualdade entre os homens que os vivos tentam manter inalterável

(1) Esquife – caixa de madeira de fraca qualidade usada para transportar os corpos.

(2) Dois dos ultimos carpinteiros que produziram caixoes para a sociedade foram Francisco Guerreiro Pires e Jose Machado Cavaco.

(3) Normalmente o “cabeca de casal” era o socio e o unico a quem era cobrada a quota, mas toda a familia mantinha os mesmos direitos, ter um caixao quando morresse, incluindo os filhos ate aos 18 anos.
Fuente: Manuel Marques - Câmara Municipal de Mértola.


Esquife - Misericórdia de Mértola
Século XIX - 1ª metade


Durante una visita en Agosto 2014 a Mértola (ver aquí) pude fotografiar en su Museo un Esquife (foto anterior), usado para trasportar los cuerpos de los difuntos: Uma das obras de misericórdia mais nobres que as Santas Casas practicavam era a de enterrar os mortos. A Misericórdia de Mértola, durante séculos, garantiu aos Irmãos da Confraria, más também aos pobres, despojados de meios que possibilitassem a ventura de pagar o chão das suas sepulturas, as cerimónias fúnebres e o pedaço de terra que acolhia os amortalhados corpos, conduzidos até á última morada, con maior ou menor solenidade, em esquifes, como este que se conservou peça rara que se reporta a um quotidiano e a prácticas desaparecidas em inicios do século XX.

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Hay que señalar que ya en la antigua Roma existieron unas Sociedades funerarias colectivas: Los collegia funeraticia o Tenuiorum: Los romanos organizaron sociedades de enterramiento, con ello constituyeron una especie de seguros de decesos y enfermedad. Los griegos fueron los primeros en crear estas asociaciones con el propósito de prestar el servicio de sepelio, pagado previamente, a sus miembros. Los romanos ofrecieron estos servicios más elaborados, llegaron a incluir la beneficencia para los familiares del difunto. Estas organizaciones fueron los Collegia funeraticia y Collegia tenuiorum.

En España el origen de los seguros de decesos está en las cofradías de pescadores y gremios de carpinteros del siglo XX, que crearon fondos de solidaridad para cubrir los gastos funerarios de sus miembros. Estas prácticas mutualistas evolucionaron hasta que, alrededor de 1920, nacieron las primeras aseguradoras específicas para este fin, como Ocaso y Santa Lucía, inicialmente para ayudar a las familias con bajos recursos ante un fallecimiento.

2 comentarios:

  1. Boa tarde, Jesus. Obrigado, por citar-me, mas os créditos do interessante artigo são todos teus. Abç,/saludos.

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